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Sobre Indaiatuba
Indaiatuba é um município brasileiro no interior do estado de São Paulo. Pertence à Mesorregião e Microrregião de Campinas, localizando-se a noroeste da capital do estado, a 23º05’24” de latitude sul e 47º13’04” de longitude oeste, a uma altitude de 715 metros do nível do mar. Ocupa uma área de 311,5 km² e sua população estimada pelo IBGE para 2021 era de 260 690 habitantes, estima-se que existe 206 430 habitantes entre 18 a 69 anos, 13 565 acima de 70 anos e 40 695 entre 0 a 17 anos,[1]que a coloca na 32ª posição entre os municípios mais populosos do estado de São Paulo. Destaca-se pela elevada qualidade de vida onde foi considerado por seis vezes consecutivos o melhor município de se morar no Brasil, entre os 5 570 existe no país, onde se encontra sempre entre o três municípios no ranking nacional nós últimos 20 anos, desde 2001 a atualidade.
Saiba mais sobre o Indaiatuba
História
Povoamentos pré-coloniais
A região do atual município de Indaiatuba provavelmente começou a ser ocupada por grupos caçadores-coletores e agricultores há cerca de 5000 anos. De acordo com as fontes históricas disponíveis, indígenas falantes de idiomas relacionados ao tronco linguístico Tupi-guarani[6][7] habitavam a região quando as primeiras expedições europeias começaram a cruzar os caminhos terrestres e fluviais do atual estado de São Paulo. Por conseguinte, as pesquisas arqueológicas desenvolvidas nessa região apontam para a existência de diversos sítios por toda sua extensão, sendo registrados (até o momento) 39 sítios arqueológicos, distribuídos por Itu (13), Campinas (05), Indaiatuba (03), Monte Mor (04) e Salto (14).
Identificado em 2005, o sítio arqueológico Buruzinho[8] está localizado nas proximidades do Córrego Garcia (Buruzinho), sendo caracterizado pela presença de ferramentas de pedra (também conhecidos como instrumentos líticos) e fragmentos cerâmicos de uso cotidiano de populações indígenas associadas a tradição cerâmica Tupiguarani, assim como, vestígios de ocupação histórica colonial e imperial (séculos XVIII e XIX, portanto), demostrando ao menos dois momentos históricos de ocupação do local. Apesar das informações esparsas, acredita-se que o material deste sítio se encontra no Museu Elizabeth Aytai, localizado no município de Monte Mor. O sítio arqueológico Cambará, localizado nas proximidades do rio Capivari-Mirim, também conta com presença de instrumentos líticos e fragmentos cerâmicos de uso comum entre populações indígenas, assim como vestígios de ocupação do século XIX, mais especificamente do período imperial brasileiro. Esse último sítio foi identificado em 2018, durante as atividades de acompanhamento arqueológico de um empreendimento residencial, sendo que os materiais encontrados (já bastante fragmentados) foram posteriormente enviados ao Museu Raphael Toscano, localizado no município de Jaú. Embora nenhum dos dois sítios arqueológicos foi alvo de pesquisas que determinassem a idade do material pré-colonial, é possível afirmar que toda a região se encontrava no entorno da rota que ligava diversas microbacias hidrográficas a diferentes pontos do rio Tietê, a qual foi utilizada por séculos pelas populações indígenas.[9] Dessa forma, é provável que os sítios de Indaiatuba façam parte do mesmo contexto de ocupação.
O último sítio, denominado Capivari-Mirim, foi descoberto em 2018. No local foram identificados instrumentos líticos feitos em quartzito, no que provavelmente foi um antigo acampamento de caça. Localizado próximo às margens do córrego Jacaré, afluente do rio Capivari-Mirim, esse sítio arqueológico é mais um testemunho da recorrente presença de grupos indígenas na região de Indaiatuba.[10]
Colonização portuguesa e fundação do povoado
O processo efetivo de colonização portuguesa teve início a partir da segunda metade do século XVIII, quando a região começou a ser ocupada por fazendas de cana-de-açúcar, implementadas por Portugal como política de incentivo à produção de açúcar na capitania de São Paulo. Tal política foi inicialmente desenvolvida por Dom Luís Antônio de Souza Botelho e Mourão, também conhecido como Morgado de Mateus, governador da citada capitania entre 1765 e 1775. Dessa forma, vilas e povoados foram fundadas em um processo progressivo de interiorização da capitania paulista, visando evitar uma possível expansão espanhola sobre os territórios meridionais da América Portuguesa.[11]
É incerta a data de fundação do povoado que daria origem à Indaiatuba, entretanto. De acordo com a tradição oral, o primeiro núcleo de povoação teria surgido em fins do século XVII (antes da fundação das primeiras fazendas de cana-de-açúcar, portanto), próximo ao local onde o córrego Barnabé desemboca no rio Jundiaí. O primeiro nome desse assentamento teria sido “Votura”, termo provavelmente de origem tupi. Apesar da virtual ausência de documentações históricas que confirmem o relato, memorialistas dão conta de uma grave epidemia de varíola nesse povoado em algum momento do século XVIII, o que teria motivado seu abandono. Com isso, um novo núcleo de povoamento teria surgido junto ao local onde hoje está situado o largo da Igreja Matriz de Nossa Senhora da Candelária.[12][13]
Os primeiros registros de um arraial chamado Indayatiba datam de 1768, cuja população praticava uma agricultura predominantemente de subsistência, com destaque para o milho e feijão. O nome do arraial derivaria dos extensos campos de palmeiras indaiá que existiam na região, sendo também observado o uso do topônimo Cocaes para designar a localidade.[11][13] Por conseguinte, esse povoado era inicialmente um bairro rural da Vila de Itu, rota de tropas para o sul da Colônia, passando pela vila de Sorocaba e seguindo em direção às vilas existentes nas capitanias de Mato Grosso e Goiás, onde eram exploradas diversas lavras de ouro durante esse período. Com isso, a localidade que daria origem ao atual município de Indaiatuba tornou-se um pouso habitual de tropeiros.
No fim do século XVIII e início do XIX, o povoado seguiu em expansão, com o surgimento de bairros rurais como Itaici e Piraí. Fazendas e engenhos de açúcar foram instalados próximas aos diversos córregos e rios do povoado e, ao redor destas, também o comércio interno que servia àquela população. Algumas fazendas desse período ainda podem ser observadas em Indaiatuba, como a Fazenda Engenho D’Água, próximo ao Córrego Barnabé. Construída em taipa-de-pilão, a sede provavelmente data de 1770, embora a referência documental mais antiga à respeito dessa fazenda – presente no “Livro de Registros de Terras da Freguezia de Indaiatuba” – seja da década de 1850.[13]
Em 1813, Pedro Gonçalves Meira – considerado o fundador de Indaiatuba – doou terras para a construção de uma capela curada em honra à Nossa Senhora da Conceição, a qual posteriormente daria origem a atual Igreja Matriz. Posteriormente transformada em uma capela de devoção à Nossa Senhora da Candelária por Joaquim Gonçalves Bicudo, irmão de Pedro, essa edificação religiosa tornou-se um fator de atração para a localidade. Consequentemente, a partir dessa capela se daria a paulatina expansão urbana do arraial. Segundo os registros paroquiais, o primeiro pároco teria sido o padre Pedro Dias Pais Leme.[14]
Criação da freguesia de Indaiatuba e início do cultivo do café
Em 9 de dezembro de 1830, o então povoado de Cocaes foi elevado à condição de sede de uma das freguesias da Vila de Itu por decreto do então imperador Dom Pedro I, com o nome de Indaiatuba. Essa data passou a ser comemorada como a data do aniversário da cidade. Por sua vez, em 24 de março de 1859, Indaiatuba seria elevada à condição de vila, ganhando autonomia política em relação a Itu, com sua própria Câmara de Vereadores.[11] Durante esse período, Indaiatuba já havia adquirido um traçado urbano quadriculado, típico da tradição racionalista observada em cidades portuguesas dos séculos XVIII e XIX, visível até hoje em seu centro histórico.[15]
A partir da década de 1850, justamente durante o contexto que levou à emancipação política de Indaiatuba, o cultivo do café já havia substituído de forma definitiva a primazia da cultura do açúcar nas terras paulistas. Nesse sentido, a vila de Indaiatuba estava inserida em um processo mais amplo de expansão da cafeicultura, o qual gerou um crescimento econômico vertiginoso não só dos municípios da região (como Campinas, Itu e Jundiaí) mas de toda a província de São Paulo.[16] Por conseguinte, na antiga Fazenda Pau Preto foi instalada a primeira máquina a vapor de beneficiamento de café de Indaiatuba. Nota-se, portanto, que o crescimento do plantio de café – ainda que fundamentalmente pautada no trabalho escravo – gerava lucros altos, o que proporcionava investimentos em maquinário importado. Com efeito, Joaquim Emígdio de Campos Bicudo, proprietário da Fazenda Pau Preto também investiu na construção de uma nova sede, seguindo o padrão arquitetônico de tijolos à vista, típico do contexto fabril inglês de fins do século XIX.[11]
A expansão da cafeicultura também gerou uma demanda por melhores rotas de transporte, uma vez que os antigos caminhos terrestres e fluviais já não comportavam o fluxo de pessoas e bens. Com isso, em novembro de 1872, foi inaugurado o primeiro trecho da Estrada de Ferro Ytuana entre a estação Pimenta (localizada no bairro homônimo de Indaiatuba e primeira estação construída no município) e Jundiaí.[17] No ano seguinte iniciou-se a construção do trecho Itaici-Piracicaba, sendo posteriormente inauguradas mais duas estações: Itaici e Indaiatuba. De acordo com os registros históricos, a estação de Indaiatuba não foi construída pela Companhia Ytuana de Estradas de Ferro, mas pelo próprio município, através de doação de fundos organizada pela Câmara Municipal.[18] Embora provavelmente tenha existido uma estação de parada mais simples no local a partir de 1873, a estação ferroviária de Indaiatuba seria inaugurada de fato somente em 1880. Substituída por uma estação maior em 1911, a edificação original foi convertida em armazém da ferrovia. Atualmente, a primeira estação de Indaiatuba abriga uma oficina-escola de liuteria (produção de cordas de instrumentos musicais), enquanto na edificação de 1911 funciona o Museu Ferroviário. Já a estação de Itaici, localizada no distrito de mesmo nome, funcionou como um entrocamento de ramais ferroviários para Jundiaí, Piracicaba e Campinas até 1975, sendo permanentemente desativada em 1986.[19]
Séculos XIX e XX: Crescimento econômico e demográfico do município
A partir da segunda metade do século XIX, Indaiatuba também recebeu muitos imigrantes da Suíça, Alemanha, Itália, Espanha, Croácia e, já no século XX, imigrantes do Japão. Parte de uma política imperial e provincial mais ampla de incentivo à imigração europeia, tal processo acabou por transformar de forma significativa as relações de trabalho no contexto rural brasileiro. Em um primeiro momento, os imigrantes deslocados para Indaiatuba foram empregados nas fazendas de café, embora muitos eventualmente tornaram-se proprietários de terras. Um exemplo claro desse processo se deu com a fundação da Colônia Helvétia em 1888, após quatro famílias imigrantes suíças comprarem as terras dos sítios Capivari-Mirim e Serra d’Água.[20] O crescimento econômico da colônia, também pautado no cultivo comercial do café, assegurou sua continuidade até os dias atuais, sendo nela realizada anualmente a Festa da Tradição no Dia da Fundação da Suíça.[13]
Localizada em terras próximas à divisa municipal entre Campinas e Indaiatuba, a Colônia Helvétia também recebeu uma estação ferroviária da Sorocabana – apropriadamente batizada de Estação Helvétia – a partir de 1914.[21] Essa estação, assim como Francisco Quirino, inaugurada em 1919, fazia parte do chamado ramal de Campinas, linha férrea que ligava Mairinque até esse município. Dessa forma, em um momento em que o transporte ferroviário ainda era o meio mais eficiente de deslocamento de mercadorias e pessoas pelo interior paulista, Indaiatuba acabou por se tornar um ponto de convergência de linhas férreas.
O crescimento econômico e demográfico de Indaiatuba nesse período fez com que fosse elevada à condição de cidade em 19 de dezembro de 1906, através da Lei Estadual n.º 1.038.[11] Nessa época, o município já contava com um sistema público de abastecimento de água, rede de iluminação elétrica e um código de posturas. Nas décadas seguintes, os efeitos econômicos negativos gerados pelas quedas no preço do café prejudicariam o crescimento de Indaiatuba, contudo. Apesar das fazendas locais também produzirem comercialmente outros cultivares, tais como batata e milho, a característica essencialmente agrícola da economia indaiatubense fez com que o desenvolvimento urbano do município se desse de forma mais lenta, quando comparada a outros centros.[13]
Segundo consta, em 1933, data em que foi inaugurado o Hospital Augusto de Oliveira Camargo, Indaiatuba contava com cerca de 3 mil habitantes. Também da primeira metade do século XX, datam as profundas reformas realizadas na Igreja Matriz, projeto do arquiteto Cezare Zoppi, responsável também pelo projeto e execução da igreja São Benedito, a casa paroquial e várias outras edificações da época. Em 1950, Indaiatuba já havia alcançado uma população de 11 253 habitantes. Quatorze anos depois, em 1964, já eram 22 928 habitantes, crescimento pautado principalmente na expansão da indústria e de serviços. Desde então, o crescimento demográfico de Indaiatuba foi uma constante, alcançando 92.700 habitantes em 1991, 146.829 em 2000 e, finalmente, 251.627 em estimativa do IBGE para o ano de 2019.[22]
Sendo uma cidade que tem suas origens no período colonial brasileiro, contando também com sítios arqueológicos que remontam a tempos ainda mais antigos, Indaiatuba possui diversos bens tombados por sua significância histórica, tanto em escala municipal[23] quanto estadual.[24] São eles:
- Fazenda Engenho d’Água, edificação com paredes de taipa-de-pilão, construída em meados do século XVIII, tombada em 2008 pelo Conselho Municipal de Preservação da Fundação Pró-Memória de Indaiatuba;
- Igreja Matriz de Nossa Senhora da Candelária, tombada em 2008 pelo Conselho Municipal de Preservação da Fundação Pró-Memória de Indaiatuba;
- Casa Paroquial, tombada em 2008 pelo Conselho Municipal de Preservação da Fundação Pró-Memória de Indaiatuba;
- Casarão do Pau Preto, tombada em 2008 pelo Conselho Municipal de Preservação da Fundação Pró-Memória de Indaiatuba;
- Busto de Dom José de Camargo Barros, tombada em 2008 pelo Conselho Municipal de Preservação da Fundação Pró-Memória de Indaiatuba;
- Edificações do Hospital Augusto de Oliveira Camargo, tombada em 2008 pelo Conselho Municipal de Preservação da Fundação Pró-Memória de Indaiatuba;
- Caixa d’água, remanescente do terreiro de café pertencente ao Casarão do Pau Preto, tombada em 2008 pelo Conselho Municipal de Preservação da Fundação Pró-Memória de Indaiatuba;
- Fazenda Santa Gertrudes, exemplar íntegro da produção cafeeira do final do século XIX, localizada nos municípios de Indaiatuba e Itupeva. Tombada em 2014 pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo.
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